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A Liderança Que Se Sente

  • Bruno Frare
  • 15 de set.
  • 3 min de leitura

Como Inspirar Sua Equipe Além dos Números


Em um ambiente corporativo, ao aplicarmos as ferramentas da gestão estratégica, é fácil cair na armadilha de medir tudo por indicadores e metas, sem jamais questionar o que realmente impulsiona nosso trabalho. É comum vermos lideranças focadas em montar planos, definir metas e traçar rotas. Depois, convocam reuniões gerais ou, às vezes, reuniões em cascata, para mostrar quais metas precisam ser atingidas, sempre baseando-se no argumento de que “esse é o core da nossa área/empresa”.


Quando analisamos essa conduta de forma mais gráfica, ela se assemelha à imagem abaixo, na qual cada nível hierárquico trabalha para atender às expectativas estabelecidas pelo nível superior — seja uma meta, um comportamento ou o avanço de um projeto específico.


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Imagem 1: Palestra Médicas como Gestoras - Bruno Frare



Essa imagem evidencia o estereótipo comum de muitas empresas: o CEO está sempre reunido com os principais clientes; os diretores preparam relatórios, gráficos e apresentações para atender às demandas do CEO; por sua vez, os diretores pedem dados aos gerentes, que refinam informações extraídas dos relatórios que os supervisores constroem com base no que solicitam dos operadores. Os operadores, que são a base da pirâmide, acabam trabalhando para atender às expectativas dos supervisores, buscando cumprir metas e prover as informações solicitadas.


Esse cenário pode parecer ideal, com o CEO responsável pelas decisões estratégicas que definem o futuro da empresa e os operadores executando o trabalho. Contudo, surge aqui um paradoxo: enquanto o CEO toma decisões arriscadas, é nos operadores que reside o conhecimento prático sobre a produção, os defeitos e as qualidades do produto. No livro “O Monge e o Executivo”, aprendemos que o papel do líder é servir. Cada nível da hierarquia deve focar em facilitar o trabalho da camada abaixo, criando um fluxo eficiente que começa no alinhamento estratégico do CEO com os clientes e desce até os operadores. Para isso, é essencial redirecionar o foco do “o que fazemos” para o “por que fazemos”, como ensina Simon Sinek em “Comece pelo Porquê”. Com um propósito claro guiando as metas, sua equipe deixará de reclamar das dificuldades em bater números e passará a oferecer feedbacks produtivos que impactem positivamente o cliente final, alterando nossa pirâmide para algo similar ao que aparece à seguir.


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Imagem 2: Palestra Médicas como Gestoras - Bruno Frare



Pode ser que você esteja se perguntando: “Mas eu tenho apenas uma clínica, sou eu e uma pessoa na recepção — o que isso tem a ver comigo?”. A resposta é simples: tem tudo a ver. No fundo, como profissional da saúde e proprietário(a) de uma clínica, você exerce duas funções: CEO (estratégico) e Médico(a) (operacional), atuando diretamente com a equipe de recepção na linha de frente com os pacientes. Estabelecer uma meta de NPS relacionada a atendimento, aumentar o número de procedimentos/consultas particulares ou atender mais pessoas por dia são apenas números. Se esses números forem impostos sem um propósito claro, quem é responsável por concretizá-los não terá motivação genuína para atingi-los.


Antes de apresentar qualquer número à equipe, pare e reflita no “porquê”: qual é o verdadeiro motivo que leva à definição dessa meta? Não se contente com respostas óbvias como “aumentar o faturamento” ou “reduzir o tempo de espera”. Descubra qual transformação esse objetivo pode gerar na vida do paciente. Será que buscamos mais eficiência para aliviar o desconforto de quem está do outro lado da porta? Ou para devolver à sala de espera um ambiente acolhedor e respeitoso? Quando o propósito vem em primeiro lugar, as metas deixam de ser apenas números e transformam-se em combustível emocional para impulsionar ações significativas.


Não basta apresentar o “porquê”; é preciso servir antes de exigir. Reserve cinco minutos diários para ouvir sua equipe sem interrupções ou pressa, criando um espaço genuíno de confiança onde ideias valiosas surgem e você compreende as necessidades reais para atender os clientes. Além disso, o reconhecimento com propósito transforma elogios genéricos em reforço de atitudes significativas, mostrando o impacto concreto de cada ação e conectando-a à missão maior da clínica. Por fim, simplifique processos eliminando tarefas que não agregam valor à experiência do time ou do paciente. Ao reduzir burocracias e rotinas desnecessárias, você libera recursos e prepara o terreno para uma gestão mais enxuta e eficiente — um tema que pode ser aprofundado em nossa próxima reflexão sobre como manter o foco no essencial.


Quando a liderança deixa de ser apenas teoria e se transforma em sentimento, toda a clínica se beneficia. É essa combinação de propósito, escuta ativa, reconhecimento significativo e simplificação de processos que realmente inspira sua equipe a ir além dos números.


Abraços,

Bruno Frare

 
 
 

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